quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

NÃO FALE O NOME DELE PERTO DAS CRIANÇAS

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Eu não sei quando...
Faz tanto tempo...
Que aprendi...
Que somos nós que decidimos ficar tristes, abalados ou não... Somos nós que decidimos nos rebaixar e continuar apáticos... Ou a erguer a cabeça e continuar em frente... Que escolheremos nossas mágoas, nossas tristezas, nossos desesperos e sofrimentos... Continuar olhando para trás... E viver de passado... Ou... Olhar para frente... Se concentrar em definir um futuro incerto... Que combatemos as batalhas... Que decidimos combater... Que podemos pegar nossos corações de volta... Sempre que quisermos...


“Settle like dust
On the shoulders of the old friends

Can you imagine us years from today
Sharing a park bench quietly?
How terribly strange to be seventy...

Old Friends
Narrowly brushes the same years
Silently sharing the same fear”
– Simon & Garfunkel, “Old Friends”, do álbum Bookends, de 1968

Eu os vejo... Formando suas famílias... Indo embora... Sumindo no horizonte... É a amizade mudando... Mas... Ao mesmo tempo... Se... Esvaindo... Não que não continuemos amigos... Mas não... Os mesmos... Os mesmos amigos de... Antes... Ver-nos-emos agora... Somente... Esquinas e supermercados... Livrarias e lojas... Perguntaremos uns pelos outros... Sem ao menos... Saber... Se teremos... Respostas... Positivas... Negativas... Ou não... As teremos... E então... Sem cartas... Que não existem mais... Sem telefonemas... Cada vez... Mais raros... E-mails... Mais e mais incomuns...

Casando... Se juntando... Tendo crias... E eu os vejo... Tão felizes... E eu... Me sentindo... Cada vez... Mais vazio... Posso ter... Todos... Os meus... Defeitos... Mas... Não me sinto... Pronto... Preparado... Digno... Responsável... O suficiente... Para assumir... Este tipo... De responsabilidade... Tamanha...


“When I run dry
I stop awhile and think of you”
– Simon & Garfunkel, “So Long, Frank Lloyd Wright”, do álbum Bridge Troubled Over Water, de 1970

E eu sei... Por Gaia... Eu sei... Meu coração vai se comprimir... Apertar... Pois eu sei... Eu serei o... Último... Como sempre... Para sempre... Eu baterei a foto... Mas não estarei nela... Eu contarei a história... De cada um... Será... Por Deus... Será que... Ninguém... Estará... Para contar as minhas...?

Vocês não se sentem... Tal qual a mim...? Construindo um futuro... Mas não sentindo... Um futuro sendo... Construído...? E... Tendo... Os olhos mareados de lágrimas... Cada vez... Cada vez... Que pensam... Refletem... Sobre isso...?
Vocês são... O futuro... Onde eu... Quero chegar...


“He died last Saturday
He turned on the gas and he went to sleep
With the windows closed so he’d never wake up
To his silent world and his tiny room”
– Simon & Garfunkel, “A Most Peculiar Man”, do álbum Sounds of Silence, de 1966

E... Se... Eu me esvair... Anoitecer... Antes... De todos... Meu nome será... Esquecido... Ignorado... Propositalmente...? “Não fale esse nome...” “Não fale dele... Aqui... Perto das crianças?” “Elas podem... Perguntar...”


as dúvidas mais cruéis surgem depois que a noite toma conta do lugar

Um comentário:

  1. Esse vale, vale ouro!, ou melhor, vale o "sempre"!

    Me li nele. Estamos em constante reticência. Talvez em minha vida não há espaço para um ponto final. E os amigos vão sendo lidos como cada linha de um texto, que no fim da historia traz sempre um ponto e... FINAL. Depois de lido só nos resta e lembrança.

    Me lembrou, também, um poema de Manoel Bandeira:

    A Morte Absoluta


    Morrer.
    Morrer de corpo e de alma.
    Completamente.


    Morrer sem deixar o triste despojo da carne,
    A exangue máscara de cera,
    Cercada de flores,
    Que apodrecerão - felizes! - num dia,
    Banhada de lágrimas
    Nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.


    Morrer sem deixar porventura uma alma errante...
    A caminho do céu?
    Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?


    Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra,
    A lembrança de uma sombra
    Em nenhum coração, em nenhum pensamento,
    Em nenhuma epiderme.


    Morrer tão completamente
    Que um dia ao lerem o teu nome num papel
    Perguntem: "Quem foi?..."


    Morrer mais completamente ainda,
    - Sem deixar sequer esse nome.


    Abraço!

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