quarta-feira, 26 de setembro de 2012

HOMENAGEM (ATRASADA) AOS ONZE ANOS SEM NIRVANA [texto de 2005]

ONDE NÃO EXISTE CARNAVAL

“Eu tenho um coração.”
– Renato Russo, na letra de “Aloha”, presente no álbum A Tempestade ou o Livro dos Dias, de 1996

Às vezes, na vida de todas as pessoas, nós apenas sentimos, sem saber explicar estes sentimentos em relação ao mundo e às pessoas ao nosso redor, e, inclusive e acima de tudo, a nós mesmos e como encaramos tudo o que vivemos.
Todavia, algumas pessoas têm o maravilhoso Dom de expressar estes sentimentos em forma de pintura, dança, poesia, música, etc. e algumas poucas realmente conseguem expressá-los em poesia e em música, e, através das mesmas, juntas e de uma só vez, conseguem abrir e tocar os nossos corações de tal maneira que nunca mais esqueceremos.
Ele conseguiu de tal forma fazer isso com os adolescentes do início da última década do século passado – e ainda consegue fazer com muitos jovens de hoje, apesar dos Linkins Parks e Evanescences da vida – que ainda permanece e para sempre estará como um ícone que se mantém intocado como seus imortais antecessores, que – ao contrário dele – partiram sem dizer adeus, e – como ele – de forma trágica e estúpida. Aparentemente e para sempre sem uma razão aceitável.
Mito. Herói. Amigo. Rebelde. Louco. Contestador. Adorável. Amoroso. Delicado. Determinado. Muitos adjetivos pelos quais pode-se defini-lo. Tão igual e tão diferente de nós. Porém, através de seus atos e de suas obras, não permitia que nos sentíssemos (e que nos sintamos) sozinhos. Tal qual em canções de outras bandas, ao ler-se algumas de suas letras, é possível concluir “eu não estou sozinho! Eu não sou o único/a única a me sentir assim no mundo!”, de tal forma que era (e é) impossível não se sentir aliviado, e, ao mesmo tempo, entorpecido. Não é todo dia que uma banda consegue fazer uso com suas canções. É realmente impossível não ter se sentido pelo menos uma vez na vida como ele se sentiu e descreveu em suas letras, possuidoras de incomum capacidade de consolar, emocionar, enlouquecer, acordar, assustar, destruir, querer gritar bem alto – tudo isso junto e muito, muito mais!!! Bem, seria muito lugar-comum, demasiadamente simples confirmar isso; entretanto como já dito: “é mais fácil falar do que sentir.” E como é...
Ele servirá de guia para futuras gerações de jovens solitários, inconformados, incompreendidos e desorientados, com um mundo todo contra eles. Pois eles terão o mais importante: as músicas e as letras, e – o mais importantes – a essência e os sentimentos presentes nas mesmas para orientá-los. Assim como ele – e como todos nós – terão seus corações e deverão ouvi-los, quando a razão e a lógica não forem suficientes para se resolver os problemas que a vida traz e nos joga na cara.
O nome dele é Kurt Donald Cobain, ou simplesmente Kurt Cobain, que, junto a Krist Novoselic e Dave Grohl – separadamente, já que juntos, formavam o NIRVANA – marcaram seus nomes na história da música, e, com suas canções, as vidas de muitos e muitas jovens, para o bem ou para o mal. E esses muitos e essas muitas fazem absoluta e concreta questão de não pensar o que seria caso o trio vindo de Seattle não tivesse aparecido sob os holofotes o mesmo surgido, já que suas vidas podem ser divididas em “antes do Nirvana” e “depois do Nirvana”. Impensável.
Afinal, tudo tem um fim. Inclusive as “explicações” de como Kurt, Krist e David conseguiram mudar os cursos dos rios chamados música e mentalidade juvenil, porém, escrita com todo o coração, após o assistir de um tributo aos mesmos, que foi um dos maiores “power trios”, tal qual os Três Patetas, o Cream, o Jimi Hendrix and the Experienced, Krisiun, Engenheiros do Hawaii até 1993, entre muitos outros.
Mas, eu não sei. Eu, sinceramente e honestamente, espero de todo o meu coração detonado por causa de cigarros e de (adoráveis e amáveis e destruidores e assassinas) bebidas alcóolicas (desculpem, mas eu AMO beber, entretanto nem sempre o que se ama é bom e faz bem – meus neurônios mortos e minha coordenação motora afetada que o digam) que este texto possa fazer sentido para alguém; um sentido honesto, verdadeiro e sincero e tudo o mais que possa tocar um coração, assim como as canções do Nirvana tocaram o meu, já que ou humano e, como tal, sinto raiva, angústia, medo, fraqueza, desespero, afeto, respeito, orgulho, tristeza e todos os sentimentos que somente nós, as mais fantásticas e estúpidas criações que Deus pôs na Terra, podem desfrutar e aprender com elas.
Kurt, Krist, Dave: Nirvana, obrigado por tudo!
Kurt, onde você estiver, espero que tenha conhecimento desta (“humilde”? “modesta”?) homenagem de um fã, que tentou, ao menos, traduzir em palavras, o que ele e muitos fãs por todo o mundo sentem por você e por sua obra.

Atenciosamente,
Rafael Alexandrino Malafaia
abril de 2005

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