domingo, 2 de setembro de 2012

contos dos Garou: incompleto e sem título

“Well, open the past and present now and we are there, story to tell and I am listening.”
– Green Day, “Scattered”, Nimrod, 1997

– APAREÇA, SEU MALDITO BASTARDO ESTÚPIDO! Você é bom em estuprar noivas, quero ver como se sai contra o noivo de uma delas! Venha!
Qualquer humano que se aproximasse dele poderia muito bem ser derrubado por seu bafo de álcool. Trajava somente o que conhecemos hoje como bermudas e os pés estavam afundados dentro da lama que já cobria a grama. Gritava contra o vento e brandia uma espada contra a chuva. Havia tantas ou mais cicatrizes em seu corpo do que pelos em seu rosto e cabelos em sua cabeça. Não havia ninguém em um raio de quilômetros e, a um raio de quilômetros, podiam ouvi-lo gritar a plenos pulmões, convocando seu adversário para um embate e parecia não cansar de gritar.
“Maldito sede vós, demônio miserável!”, ele uivava. “Destruir-vos-ei primeiro pela minha dama e depois por todas as mulheres e famílias que já desonrastes em vossa vil e tenebrosa existência!”
Dia? Noite? Entardecer? Perdera a noção do tempo.
Estava com sua matilha no continente em uma missão para o Líder da Seita, o que o impediu de vir imediatamente assim que fora informado sobre sua noiva. Nunca o viram tão furioso e tão desfocado de seus afazeres quanto naquele período, mas não a ponto de pôr a missão a perder – localizar uma colméia de Espirais Negras e destruir os irmãos Paco Pisada-Podre e Piera Sorriso-Perdido, devido terem contaminado a água que abastecia uma vila de Parentes e muitos terem morrido em conseqüência. A Meia Lua – e também alfa – teve uma grande dificuldade em acalmá-lo e fazê-lo ficar focado em seus afazeres, mesmo estando tão furiosa quanto seu ômega, e prometendo ajudá-lo no que fosse possível em sua vingança. Foi o mês mais longo da vida do Lua Crescente, os dias se arrastavam e o tempo parecia não passar. Como naquele tempo, a comunicação estava a anos-luz de ser em tempo real, seu coração estava cada vez mais apertado pelo desespero por não ter notícias e, por isso, cada vez mais tomado pela Fúria. Mal conseguia falar e não conseguia pensar direito devido à embriaguez da cólera, mal conseguindo se comunicar com espíritos, que temiam sua presença e, assim, dificultava ainda mais a missão ser completada.
Por sete sóis e por sete luas, esperou, em pé e sem baixar a espada. Tudo parecia perdido e a espera ter sido em vão, expirou por entre os dentes, já como presas, e saiu da posição de batalha iminente. A ponta da espada encostou à grama, antes do corpo se virar para ir embora e voltar para o seus. Após alguns passos, seus ouvidos levantaram e os pêlos da nuca arrepiaram-se como nunca dantes, o pulso girou a espada para que ficasse em posição de ataque. O vento parou por um momento que parecia ser interminável até ele sentir a presença em suas costas e atacar mais rápido do que um raio.
A lâmina atingiu nada além do vazio. Mas o Lua Crescente tinha certeza que havia algo ou alguém lá que devia ser temido de fato. Temido, enfrentado e derrotado. Girando a espada, expandiu sua percepção para procurar presenças além da sua, o que só confirmou que não estava sozinho. Mas seja o que fosse, não se mostraria tão fácil para ele. E a sensação de que estava sendo observado só lhe dava a certeza de que o inimigo que viera combater estava próximo, não precisando se dar ao trabalho de atravessar a Película para alcança-lo, uma vez que já havia procurado com todos os espíritos e outros Theurges, além de vários tipos de bruxos (até mesmo os malditos Sanguessugas, antes de enfim fazer-lhes o favor de destruí-los) informações sobre o deflorador de mulheres prometidas. E, mais uma vez, sentiu a presença junto à sua, fazendo-a atacar tão rápido quanto seu habilidade permitia, de modo que olhos humanos não poderiam acompanhar. Desta vez, não atingira o vazio.

“Não, você não vai sozinho!”, os olhos castanhos dela queimaram. “Nós somos uma matilha e nós vamos acabar com este maldito juntos!”, Pele-Pintada-de-Sangue trovejou de um dos lados da fogueira. “Ela pode até não ser Parente, mas ela ainda é sua mulher. Ou seja, o que aconteceu com ela é problema nosso”. A matilha só passou a discutir sobre o que fazer quanto ao problema da esposa de Barba-Queimada. Realmente, fazia tempo que tal problema já havia chamado a atenção dos Garou locais, mas ainda não tinham se movido para resolvê-lo até então, e mesmo a chegada dos Fenrir e sua tomada do caern dos Rios Lamacentos, pertencente aos Fianna da região hoje conhecida como Wolverhampton, do não havia mudado tal cenário. Não até o problema chegar à então noiva do Lua Crescente, que havia sido prometida a ele quando este e sua matilha ainda eram uma matilha de proteção do caern do Escudo Quebrado do Protetor.

[continua!]

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